CURITIBA: UMA BREVE ANÁLISE DA CAPITAL DO ESTADO DO PARANÁ
ADENDO: Este trabalho foi
inicialmente apresentado como requisito parcial para a obtenção de certificado do Curso "La Lectura de
las Ciudades Históricas y de su Territorio" ministrado pelo Prof.
Dr. Miguel Angel Ajuriaguerra Escudero da URJC/Espanha e com parceria
da Becas Santander Investigación no ano de 2023. o texto a seguir não deve
ser tomado como fonte absoluta, portanto, consulte diretamente as Referências
Bibliográficas. Este ensaio pretende servir como inspiração para que o
leitor conheça mais da história da cidade de Curitiba e possa colocá-la em seus planos de
viagem.
CURITIBA: UMA BREVE ANÁLISE DA CAPITAL DO ESTADO DO PARANÁ
Curitiba
é uma cidade no estado do Paraná, na região Sul da República Federativa do Brasil.
Atualmente, segundo dados de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), tem uma população estimada em 1.963.726 pessoas numa área
territorial de 434.892 km². A data de 29 de março de 1693 é considerada o marco
para a sua fundação.
Todavia,
a região onde se situa foi avistada em expedição comandada pelo capitão português
Pero Lobo juntamente com Francisco de Chaves no ano de 1531 visando à busca por
minas de ouro e de prata. A localidade só começaria a ser povoada por volta do
ano de 1648 quando Eleodoro de Ébano Pereira, possuidor do título de General
da Armada das Canoas de Guerra e com o aval do Governador-Geral Duarte Correia
Vasqueanes, montou pequenos acampamentos com fins de explorar ouro.
Em
1654, surgiu o Distrito de Curitiba ou “Campos de Coritiba” pertencente então à cidade
de Paranaguá. Em 4 de novembro de 1668, o Capitão Mateus Martins Leme instala o
pelourinho no então chamado povoado de Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos
Pinhais diante do povo e do capitão-mor de Paranaguá Gabriel de Lara. Mas
somente em 1693, aos 29 de março, é feito a eleição dos representantes da
Câmara Municipal e por consequência, o local torna-se uma vila com mais de 90
pessoas agrupadas nos entornos dos rios Ivo e Belém.
Destaca-se que em 1721, com a administração do Doutor Raphael Pires Pardinho, a vila passa ser chamada de Curitiba ou de “Vila de Nossa Senhora da Lus de Curytiba”. Com a necessidade de animais nos polos mineradores do Brasil Colônia, começa o movimento Tropeiro, principalmente entre as atuais cidades Viamão e Sorocaba.
Curitiba começa
aos poucos a crescer, pois era ponto de parada e ponto de pedágio (onde hoje se
situa a cidade de Lapa) conforme se observa em Alvará Real de 5 de março de
1756. Mais tarde, pela Lei Provincial de São Paulo de nº 5, de 05-02-1842,
“Coritiba” é declarada como uma cidade e em 1853, quase 200 anos após o início
do seu povoamento, é declarada Capital da Província do Paraná pela Lei Imperial
nº 704, de 29 de agosto de 1853 e pela Lei Provincial nº 1, de 26 de julho de
1854.
Na
década de 1820, Curitiba já despertava admiração aos que a ela visitava. O naturalista
francês Augustin François César Prouvençal de Saint-Hilaire afirmou havia três igrejas,
que as ruas eram as largas, a praça pública quadrada, grande e gramada.
Possivelmente,
a descrição seria do Centro Histórico da cidade ou hoje também denominado de o
Largo da Ordem:
Nesse
mesmo período, o artista Jean Baptiste Debret retrata a vila (figura abaixo).
Observa-se que a expansão urbana acontece próximo da igreja (ao lado esquerdo
na imagem).
A
visão de Debret seria mais o menos no ponto abaixo (coordenadas -25.4276355,-
49.2748989)
Um
dos primeiros censos demográficos e um dos primeiros mapas da cidade datam do
ano de 1853, apontando o número total de 6791 pessoas entre pessoas livres e
escravas.
Em 1857, é elaborada uma planta onde se vê a localização do Cemitério Alemão visto que esse povo chegará ao estado do Paraná por volta do ano de 1829. Também, o retratado como número 4, tornar-se-á o Passeio Público, cujo atual portão é muito semelhante ao portão do Cemitério de Cães em Paris, inaugurado em 1886 como uma preocupação com a modernização, embelezamento e saúde.
Contudo, há
pouca diferença entre o mapa de 1853 e a figura abaixo, mas a capital do estado
do Paraná aumenta consideravelmente o seu tamanho à medida que vai ganhando
importância política e econômica e acolhendo a chegada dos outros povos,
sobretudo oriundos da Europa, em maior número: italianos, poloneses e
ucranianos
De
1857 até 1894, o número de pessoas e residências mais que dobra.
Exemplo disso, é que, segundo o censo de 1890, “Corityba” tinha 24.553
habitantes, subdivididos em seis distritos e duas paroquias. No ano de 1903 o
perímetro urbano continua o seu desenvolvimento. Observamos na imagem abaixo
que entre 1894 e 1903 decorre um crescimento em torno de 50 por cento
Transcorridos
um pouco mais de dez anos da imagem acima, a Curitiba do início do século XX,
além do seu tamanho considerável, toma as formas do que é hoje. Cabe destacar
que foi muito importante à gestão do político e engenheiro Cândido Ferreira de
Abreu que muito provavelmente inspirou-se no embelezamento do departamento do
Sena, Paris, França sob o comando do prefeito Georges-Eugène Haussmann.
Outro
aspecto que justifica a transformação da cidade é o aumento da exploração de
erva-mate (Ilex paraguariensis) e de madeira proveniente da árvore Araucaria
angustifólia além de uma industrialização que pouco a pouco se inicia na cidade
e arredores.
Comparando
o período de 20 anos (1894 e 1914), há aumento do seu número de habitantes e de
casas, bem como o aumento de estabelecimentos comerciais e industriais. As
novas ruas são feitas com base numa trama regular ou octogonal. Esteticamente,
com destaque para os trabalhos dos arquitetos Augusto Huebel e Carlos Thaty, as
construções têm características principalmente alemãs, francesas e italianas.
Negativamente, inicia-se uma separação geográfica da classe burguesa e da
classe operária.
O
desenvolvimento da cidade continua, muitas ruas ganham iluminação com postes a
luz elétrica e vias de transporte público por bondes, também se deve destacar
que pouco a pouco vai sendo montada uma rede de esgoto que atinge cerca de 80
mil metros de tubulações entre as décadas de 1930 e 1940 além de uma população
de quase 150 mil habitantes.
É notável que a mudança da paisagem continue principalmente após 1943, no mandato do prefeito Alexandre Beltrão, com políticas públicas de urbanismo conhecidas como “Plano Agache” com foco principal em saneamento e congestionamentos uma vez que dados de 1942 apontam serem quase três mil veículos automotores, entre ônibus, carros e motocicletas, além de mais de seis mil outros veículos entre charretes, carroças e bicicletas.
A Curitiba do século XXI é um lugar de
cultura, de arte, de religião, de parques, de museus e tantos outros locais que
a tornou uma das cidades mais visitada do Brasil. Tudo isso consequência do
seu desenvolvimento histórico e urbanístico. Vale ressaltar ainda locais como: Museu Oscar Niemeyer, Museu do Expedicionário, Museu do Holocausto.
Jardim Botânico, Parque Barigui e o Centro Histórico.
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